O BRS Mandobi, amendoim forrageiro propagado por sementes, tem ganhado destaque entre produtores rurais não apenas pela sua facilidade de implantação, mas também pelo seu excepcional valor nutricional quando utilizado em consórcio de pastagem. Desenvolvido pela Embrapa especificamente para solos de baixa permeabilidade na Amazônia, este cultivar é notável por sua resistência a períodos de alagamento temporário, característica que amplia significativamente suas possibilidades de uso. A seguir, vamos explorar os benefícios nutricionais do Mandobi e como ele pode transformar a qualidade da alimentação do seu rebanho.
Composição Nutricional do BRS Mandobi
Para começar nossa análise, é importante entender que o amendoim forrageiro BRS Mandobi apresenta características nutricionais impressionantes, conforme documentado em pesquisas da Embrapa:
Nutriente | Teor médio no BRS Mandobi |
---|---|
Proteína Bruta | 18-24% |
Digestibilidade in vitro | 60-70% |
Fibra em Detergente Neutro (FDN) | 40-48% |
Fibra em Detergente Ácido (FDA) | 30-38% |
Lignina | 5-8% |
Taninos | Baixo teor |
Fixação biológica de nitrogênio | Até 150 kg/ha/ano |
Analisando estes dados, percebemos que esta composição nutricional coloca o BRS Mandobi em posição de destaque entre as leguminosas forrageiras tropicais, especialmente quando consideramos que as gramíneas tradicionais raramente ultrapassam 12% de proteína bruta, mesmo em condições ideais de manejo.
Superioridade do Mandobi em Relação às Gramíneas
Agora que compreendemos a composição nutricional básica, vamos examinar por que o consórcio de pastagem com BRS Mandobi oferece um balanceamento nutricional que gramíneas isoladas simplesmente não conseguem proporcionar:
1. Maior Teor Proteico
Em primeiro lugar, as gramíneas tropicais geralmente apresentam teores de proteína bruta entre 7% e 12%, enquanto o Mandobi pode chegar a mais de 20%. Como resultado direto, no consórcio, isso significa um incremento substancial no valor proteico médio da dieta, frequentemente ultrapassando os 14% de proteína bruta na pastagem como um todo.
2. Melhor Digestibilidade
Além disso, o BRS Mandobi possui maior digestibilidade que a maioria das gramíneas tropicais, o que se traduz em melhor aproveitamento dos nutrientes pelos animais. Curiosamente, estudos demonstram que a digestibilidade do Mandobi se mantém relativamente estável ao longo do ano, enquanto, em contraste, as gramíneas sofrem quedas significativas na estação seca.
3. Menor Teor de Fibras Indigestíveis
Outro ponto fundamental é que, comparado às gramíneas, o amendoim forrageiro Mandobi apresenta menor teor de lignina e outras fibras indigestíveis. Consequentemente, isso resulta em:
- Maior consumo voluntário pelos animais
- Melhor taxa de passagem pelo trato digestivo
- Por fim, maior aproveitamento dos nutrientes
4. Composição Mineral Complementar
Para completar este quadro de vantagens, o Mandobi é rico em minerais essenciais como cálcio e magnésio, frequentemente deficientes nas gramíneas tropicais, criando assim uma complementaridade nutricional perfeita no consórcio de pastagem.
Impacto na Produção Animal
Tendo em vista as vantagens nutricionais descritas acima, é natural nos perguntarmos: como isso se traduz na prática? De acordo com dados da Embrapa, o valor nutricional superior do BRS Mandobi quando utilizado em consórcio de pastagem se transforma em ganhos concretos na produção animal:
Na Pecuária de Corte
- Ganho de peso: Surpreendentemente, observa-se um incremento médio de 200-300g/animal/dia em comparação com pastagens exclusivas de gramíneas
- Aumento na capacidade de suporte: As pastagens em consórcio com Mandobi suportam 20% a 30% mais animais por hectare
- Redução da idade de abate: Como consequência direta, registra-se em média 3-4 meses a menos para atingir o peso ideal
- Melhor acabamento de carcaça: Adicionalmente, nota-se maior deposição de gordura intramuscular, melhorando a qualidade da carne
Resultados comprovados em pesquisas
Estudos realizados pela Embrapa demonstram resultados impressionantes sobre a eficiência do consórcio:
- Animais manejados em pastos consorciados com BRS Mandobi atingiram 457 kg de peso corporal apenas 13 meses após a desmama
- Em contraste, animais manejados em pastos exclusivos de gramínea (Brachiaria humidicola) só atingiram o mesmo peso 22 meses após a desmama
- Esta diferença representa uma economia de 9 meses no ciclo produtivo
Produtividade por hectare
O impacto na produtividade por área é igualmente significativo:
- Pastos exclusivos de gramíneas: 24 arrobas/hectare/ano
- Pastos consorciados com BRS Mandobi: 35 arrobas/hectare/ano
- Incremento de 46% na produtividade por área
Na Pecuária Leiteira
- Aumento na produção: De modo similar, verifica-se um incremento médio de 1-2 litros/vaca/dia
- Melhor composição do leite: Paralelamente, há uma tendência a maior teor de proteínas e sólidos totais
- Redução no intervalo entre partos: Por fim, constata-se uma melhoria nos índices reprodutivos devido ao melhor status nutricional
Comportamento Nutricional ao Longo do Ano
Uma questão que frequentemente preocupa os produtores é a variação sazonal da qualidade das pastagens. Nesse sentido, uma das grandes vantagens do BRS Mandobi é a estabilidade do seu valor nutricional ao longo do ano, inclusive em períodos críticos:
Estação Seca
Durante a temida estação seca, quando as gramíneas perdem drasticamente seu valor nutricional, o Mandobi mantém teores proteicos acima de 16%, funcionando como um verdadeiro “banco de proteína” para os animais. Este fato notável resulta em:
- Menor perda de peso ou produção leiteira na seca
- Por extensão, redução na necessidade de suplementação proteica
- Em última análise, maior resiliência do sistema produtivo
Estação Chuvosa
Por outro lado, na estação chuvosa, o Mandobi continua contribuindo significativamente para a qualidade da dieta, mesmo quando as gramíneas estão em seu pico de produção, garantindo assim um consórcio de pastagem equilibrado ao longo de todo o ano.
Maximizando o Valor Nutricional no Consórcio
A esta altura, você provavelmente se pergunta: como aproveitar ao máximo todo esse potencial? De acordo com as recomendações da Embrapa, para otimizar o potencial nutricional do BRS Mandobi em um consórcio de pastagem, recomenda-se:
- Proporção adequada: Inicialmente, buscar um consórcio com 20-30% de participação do Mandobi na composição botânica da pastagem
- Manejo de altura: Em seguida, evitar pastejo muito baixo para não prejudicar a rebrota do amendoim forrageiro
- Descanso estratégico: Igualmente importante é permitir períodos de descanso suficientes para recuperação da leguminosa
- Adubações balanceadas: Além disso, enfatizar o fósforo e o potássio para favorecer o desenvolvimento do Mandobi
- Aproveitamento da ressemeadura natural: Outra característica importante do BRS Mandobi é sua excelente capacidade de ressemeadura natural, que ajuda a manter sua presença na pastagem ao longo do tempo
- Monitoramento da composição: Por último, mas não menos importante, acompanhar a evolução da proporção entre gramíneas e leguminosa ao longo do tempo
Perguntas Frequentes sobre o Valor Nutricional do BRS Mandobi
Vamos agora abordar algumas dúvidas comuns que surgem quando falamos do valor nutricional do Mandobi:
1. O BRS Mandobi causa timpanismo nos animais?
Uma preocupação frequente é sobre problemas digestivos. Felizmente, diferentemente de outras leguminosas como alfafa e alguns trevos, o amendoim forrageiro Mandobi tem baixo potencial para causar timpanismo, mesmo quando consumido em grandes quantidades.
2. É necessário adaptação dos animais ao consórcio com Mandobi?
Outra dúvida comum refere-se à aceitação pelos animais. De modo tranquilizador, geralmente não é necessária adaptação específica, pois os animais aceitam bem o Mandobi desde o primeiro contato. A leguminosa é altamente palatável e rapidamente procurada pelos animais.
3. O Mandobi propagado por sementes tem o mesmo valor nutricional que o propagado por mudas?
Em relação ao método de propagação, é importante destacar que sim, o método de propagação não interfere no valor nutricional. Segundo a Embrapa, o BRS Mandobi mantém os mesmos atributos nutricionais independentemente de ser estabelecido por sementes ou por material vegetativo. A grande vantagem da propagação por sementes está na facilidade operacional e na redução dos custos de implantação, não representando nenhum comprometimento da qualidade nutricional.
4. É possível fazer feno ou silagem com o Mandobi?
No que diz respeito à conservação de forragem, sim, o Mandobi pode ser usado para produção de feno de excelente qualidade. Para silagem, entretanto, é recomendado seu uso em conjunto com gramíneas para obter melhor fermentação.
5. O consórcio com Mandobi reduz a necessidade de suplementação mineral?
Por fim, sobre suplementação, embora o Mandobi seja rico em alguns minerais como cálcio e magnésio, a suplementação mineral completa continua sendo necessária, apenas podendo ser ajustada em sua composição.
Conclusão: Transforme sua Pastagem com BRS Mandobi
Considerando todos os pontos abordados, fica evidente que o BRS Mandobi, com seu excepcional valor nutricional, representa uma revolução no consórcio de pastagem tropical. Combinando a praticidade da propagação por sementes com qualidade nutricional de primeira linha, esta leguminosa desenvolvida pela Embrapa proporciona uma oportunidade única para aumentar a produtividade animal de forma sustentável e economicamente viável.
Em resumo, não perca tempo e comece a transformar suas pastagens com o BRS Mandobi, a leguminosa que une facilidade de implantação com qualidade nutricional superior.
Conheça mais sobre o BRS Mandobi e como implementar o consórcio de pastagem ideal
Referências e Fontes de Informação
As informações técnicas apresentadas neste artigo foram compiladas a partir das seguintes fontes:
- Embrapa: Amendoim Forrageiro (Arachis pintoi cv. BRS Mandobi): Leguminosa Forrageira Recomendada para Solos de Baixa Permeabilidade na Amazônia
- Embrapa Acre: BRS Mandobi: Cultivar de Amendoim Forrageiro para a Amazônia
- Revista Brasileira de Zootecnia: Composição química e digestibilidade de leguminosas forrageiras
- Boletim Técnico – Instituto de Zootecnia: Consórcio de gramíneas e leguminosas forrageiras
- Informativo Técnico – Materbio: Guia Prático para Consórcio de Pastagem